“Comer Bem, Sorrir Melhor”  vai percorrer as escolas dos 14 Municípios de Viseu Dão Lafões com uma Unidade de Saúde Móvel 


  • CIM Viseu Dão Lafões e Universidade Católica Portuguesa relançam projeto “Comer Bem, Sorrir Melhor”, com nova abordagem de promoção da saúde oral e nutricional. Iniciativa vai percorrer os jardins de infância e Agrupamentos de Escolas do 1º ciclo.

 

A Comunidade Intermunicipal (CIM) Viseu Dão Lafões e a Universidade Católica Portuguesa apresentaram hoje, dia 25 de novembro, na Casa do Adro, em Viseu, um novo ciclo do projeto “Comer Bem, Sorrir Melhor”, uma iniciativa que visa combater a elevada prevalência de cárie dentária em crianças e promover a saúde oral e nutricional em toda a região. Além do Vice-Presidente da CIM Viseu Dão Lafões, Marco Almeida, e do Secretário Executivo da CIM Viseu Dão Lafões, Nuno Martinho, sessão contou com a presença de Aires do Couto, Pró-Reitor da Universidade Católica Portuguesa-Centro Regional das Beiras, Fernando Guerra,  em Representação da Ordem dos Médicos Dentistas, da Representante Regional do Centro da Portugal Inovação Social, Luísa Bernardes, e de José Alves, Hospitalário da Ordem de Malta.

 

Neste novo ciclo, uma unidade móvel de saúde, equipada com tecnologia de inteligência artificial, irá percorrer pré-escolas e escolas básicas dos 14 municípios da região, onde realizará rastreios, consultas e ações educativas junto da população escolar em maior risco.

 

Numa fase anterior do projeto, verificou-se que 43,7% das crianças das escolas dos municípios da CIM Viseu Dão Lafões apresentavam pelo menos uma cárie dentária no momento da primeira observação e 58,9% tinham risco alto de desenvolver a doença. Essa avaliação, realizada pela Ordem dos Médicos Dentistas entre maio de 2022 e maio de 2023, abrangeu 4.864 crianças dos 6 aos 10 anos.

 

A unidade móvel de saúde do projeto “Comer Bem, Sorrir Melhor” vai permitir realizar rastreios e consultas no terreno a crianças do pré-escolar e 1º ciclo em situação de maior vulnerabilidade, nomeadamente beneficiárias de Ação Social Escolar (ASE), com Necessidades Educativas especiais (NEE) e/ou de origem imigrante.

 

O projeto “Comer Bem, Sorrir Melhor” reforça a aposta da CIM Viseu Dão Lafões em iniciativas de inovação e coesão social com potencial de gerar impacto duradouro. Ao levar rastreios e ações educativas diretamente às crianças em situação de maior vulnerabilidade, promove hábitos de vida saudáveis, fortalece a literacia em saúde oral e reduz desigualdades no acesso a cuidados de saúde, contribuindo para um desenvolvimento territorial mais equilibrado e inclusivo. Esta iniciativa responde de forma concreta e sustentável às necessidades das populações, integrando ciência, educação e intervenção comunitária.

 

Intervenção inovadora

 

A intervenção baseia-se no protocolo CAMBRA® com sistema ICDAS, uma metodologia de prevenção e diagnóstico precoce que permite identificar lesões ainda reversíveis e adaptar o tratamento às necessidades individuais de cada criança.

 

Entre as principais novidades do projeto destaca-se o uso de tecnologia avançada de diagnóstico e a digitalização da dentição com impressão 3D, ferramentas que aumentam a precisão clínica e, simultaneamente, tornam o ambiente médico-dentário mais leve, resultando numa experiência positiva e tranquila para as crianças.

 

O protocolo permite avaliar o risco de cárie de cada paciente de forma individualizada, personalizar o plano de tratamento e planear o cronograma de avaliações: conforme o risco de cada aluno, serão realizadas duas a três observações por ano. O programa inclui ainda consultas de nutrição, ações de literacia em saúde e atividades educativas que envolvem escolas, famílias e comunidades locais. O projeto inclui igualmente ações de prevenção do excesso de peso e obesidade infantil, cada vez mais comuns nas faixas etárias abrangidas.

 

A iniciativa resulta de uma colaboração entre a CIM Viseu Dão Lafões, os seus Municípios associados, a Universidade Católica Portuguesa, os Agrupamentos de Escolas, a Ordem dos Médicos Dentistas, a Ordem dos Nutricionistas, a Colgate, a Ordem de Malta (que disponibiliza a unidade móvel) e a Unidade Local de Saúde de Viseu Dão Lafões, numa resposta conjunta nas áreas da saúde, educação e ação social.

 

Segundo Marco Almeida, Vice-Presidente da CIM Viseu Dão Lafões, “Este novo ciclo do projeto ‘Comer Bem, Sorrir Melhor’ reforça a importância de políticas públicas integradas que atuam de forma preventiva e estratégica nas nossas comunidades. A saúde e o bem-estar das crianças são prioridades para a CIM e para os municípios associados, e iniciativas como esta demonstram como é possível articular educação, saúde e ação social de forma inovadora e eficaz.”

 

“Investir precocemente na prevenção da cárie dentária e da obesidade infantil é também investir no futuro do território, promovendo igualdade de oportunidades, coesão social e um desenvolvimento mais sustentável. Este projeto é um exemplo concreto de como a cooperação entre municípios, instituições académicas e parceiros sociais gera impacto real e duradouro nas nossas comunidades, beneficiando diretamente as crianças e as famílias da região”, acrescentou o Vice-Presidente.

 

Para Nuno Martinho, Secretário Executivo da CIM Viseu Dão Lafões, “A CIM Viseu Dão Lafões tem implementado nas escolas dos 14 municípios de Viseu Dão Lafões diversos projetos dedicados à promoção do sucesso educativo, trabalho este que tem vindo a ser desenvolvido, em conjunto, com os agrupamentos de escolas dos 14 municípios, numa lógica de complementaridade  e de alavancagem das intervenções.

O projeto ‘Comer Bem, Sorrir Melhor’ tem um grande valor social e educativo, para nós porque vem robustecer a nossa aposta na literacia alimentar e para a saúde oral. Sabemos que as cáries dentárias e a obesidade infantil não são inevitáveis; podem ser prevenidas através de ações de educação para a saúde, promovendo hábitos alimentares saudáveis e cuidados de higiene oral desde cedo, ao mesmo tempo que se reforça a literacia em saúde junto das crianças, das famílias e das escolas.

Esta iniciativa de inovação social garante que estas ações cheguem diretamente às crianças, em especial àquelas em situação de maior vulnerabilidade, proporcionando rastreios, consultas e atividades educativas que contribuem para a sua saúde, autoestima e sucesso escolar. Ao intervir de forma concreta e contínua, o projeto ajuda não só as crianças, mas também as suas famílias, a adquirir hábitos de vida saudáveis e conhecimentos sólidos sobre cuidados orais que as acompanharão ao longo da vida”, concluiu.

 

Aires do Couto, Pró-Reitor da Universidade Católica Portuguesa, salientou “a satisfação da UCP pela parceria que estabeleceu com a CIM, enquanto investidor social, no âmbito deste projeto, financiado pelo Fundo Social Europeu Mais (FSE+) através do CENTRO2030.”

 

“Gostaria ainda de chamar a atenção para a importância da especificidade das áreas de intervenção deste projeto, que incidem na relação entre os hábitos alimentares das crianças e jovens e a sua saúde oral, bem como na relevância que este aspeto tem para uma educação de qualidade e com menos desigualdades. Este projeto é um bom exemplo do que pode resultar de parcerias entre instituições de ensino superior e as políticas de bem-estar social desenvolvidas pelas autarquias”, acrescentou.

 

Para Luísa Bernardes, Representante Regional do Centro da Portugal Inovação Social, “Este projeto nasce de uma realidade séria: demasiadas crianças chegam à escola com riscos acrescidos de desenvolver doenças orais, muitas vezes associadas a condições de vulnerabilidade social, hábitos alimentares pouco saudáveis e desigualdades no acesso à informação e aos cuidados de saúde.”

 

“Este projeto pretende prevenir, educar, capacitar e dar às crianças e às famílias ferramentas que permanecem ao longo da vida. Mais do que falar em saúde oral e alimentar, estamos a falar de igualdade de oportunidades, de promoção da saúde pública e de bem-estar.”

 

Fernando Guerra, Presidente da Mesa do Conselho Geral da Ordem dos Médicos Dentistas , destacou “Esta iniciativa, numa primeira fase, utilizou fundos do Portugal Inovação Social e beneficiou mais de 5 000 crianças, num total de 115 escolas, 21 agrupamentos e 14 municípios. São números importantes, que fazem refletir sobre a relevância que esta iniciativa tem para as comunidades.

 

“Um dos aspetos essenciais é que estas ações de literacia em saúde não tenham um caráter esporádico. Devem ser contínuas na sua intervenção na sociedade, e os profissionais de saúde devem ser agentes ativos no incremento desta literacia nas comunidades onde se inserem. Aqui há um papel ainda mais interventivo, na medida em que a Universidade Católica vai participar, conferindo um cariz científico a esta iniciativa.”, terminou

 

Por fim, José Alves, da Ordem de Malta, afirmou “A Ordem de Malta presta serviços de assistência humanitária, com uma ação discreta junto daqueles que mais precisam. Entendemos que este projeto se encaixa no trabalho que temos vindo a desenvolver e teremos muito gosto em integrá-lo, cedendo os nossos meios e voluntários, contribuindo para a saúde oral de todas as crianças de Viseu Dão Lafões.”

 

 

Uma doença silenciosa e prevenível

 

A cárie dentária é uma doença crónica, silenciosa e prevenível, com implicações significativas na saúde, no rendimento escolar e na qualidade de vida das crianças. Quando não tratada, pode causar dor, infeção e até a perda prematura dos dentes, com consequências na fala, na alimentação e no desenvolvimento físico e cognitivo.

 

As crianças afetadas têm maior probabilidade de desenvolver outros problemas dentários à medida que crescem, como necessidade de tratamento ortodôntico precoce, e as despesas com cuidados dentários podem agravar situações de vulnerabilidade familiar.

 

Além disso, a alta taxa de cárie está associada a mais faltas escolares, pior desempenho académico e menor qualidade de vida, com possíveis impactos físicos, psicológicos e sociais.

 

 

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